A semana teve início na tarde de segunda-feira (05) até a sexta-feira (09), no Centro de Espiritualidade Cristo Rei (Cecrei), em São Leopoldo (RS). Os dois primeiros dois dias foram dedicados para assuntos econômico-administrativos e Conselho Episcopal Regional. O terceiro dia Encontro dos Bispos e Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB/RS) e os dois últimos ocorreu a Assembleia da Ação Evangelizadora do Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Administração ajuda na evangelização
A noite de segunda-feira (05) e a manhã de terça-feira (06) da Assembleia da Ação Evangelizadora do Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) contou com a assessoria do Ecônomo da CNBB, monsenhor Nereudo Freire Henrique, e o assessor jurídico-civil da CNBB, Dr. Hugo José Sarubbi Cysneiros Oliveira. Falaram sobre a “Administração Eclesial: desafios e orientações” aos bispos, ecônomos e administradores diocesanos, no Centro de Espiritualidade Cristo Rei (Cecrei), em São Leopoldo (RS).
Segundo Dr. Hugo, a Igreja Católica é uma instituição confessional regida pelo código de Direito Canônico. Ela tem uma personalidade jurídica internacional e se apresenta como uma autoridade moral soberana e independente. Sua administração exige responsabilidade de seus gestores na finalidade de manter a estrutura na missão de evangelizar. A Igreja tem subdivisão de dioceses ou arquidioceses e está organizada em núcleos menores chamados paróquia.
Dr. Hugo destacou em sua falou algumas orientações a partir do Acordo Brasil Santa Sé sobre a personalidade jurídica das organizações religiosas, tributação, questões contratuais e casos específicos, como, por exemplo, a relação com voluntários, novidades sobre a filantropia em termos legais e jurisprudenciais.
Neste contexto há a necessidade de uma nova cultura de evangelização através da administração institucional da Igreja. “Mas existem barreiras na implementação de novos e modernos processos administrativos, pois ainda falta conexão entre o planejamento e o executado”, lembrou Monsenhor Nereudo.
Gestão e administração são dois pontos principais e desafiantes na vida eclesial. “Mas, faz-se necessário planejamento, controle, qualidade do serviço, organização, questões patrimoniais, financeira e recursos humanos. É necessário conhecer as questões legais da tributação. É necessário que haja conhecimento e adequação dos processos internos da instituição eclesial. Todas essas questões são ferramentas na administração em prol da evangelização. Acreditamos que a administração ajuda na evangelização. Se conseguirmos adequar todos os nossos processos à modernidade estará fazendo com que a nossa instituição tenha eficiência e eficácia”, destacou Nereudo.
Bispos e vida consagrada de mãos dadas
Na manhã desta quarta-feira, 07, cerca de 100 pessoas, entre elas bispos e provinciais das congregações masculinas e femininas presentes no Rio Grande do Sul tiveram “um diálogo de mãos dadas”, no Centro de Espiritualidade Cristo Rei (Cecrei), em São Leopoldo (RS). Na celebração de abertura foi dado destaque aos 60 anos da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB/RS).
Na mesa de abertura a presidente da CRB/RS, Ir. Paula Schneider, FPCC, lembrou que os religiosos estão presentes na vida das pessoas mais empobrecidas e isso é o que a CRB/RS celebra nestes 60 anos no Rio Grande do Sul. “Uma coisa é desenvolver um projeto e outra coisa é viver com os mais pobres. O povo nos quer lá entre eles”, frisou.
Ir. Paula comentou sobre o grande número de religiosos de congregações do Sul que enviaram e enviam missionários e missionárias para outras regiões do Brasil e do mundo. “Quando estes membros retornam após anos de trabalho, voltam doentes, cansados e com necessidade de amplo cuidado com a saúde e são as congregações que assumem o cuidado para aqueles e aquelas que doaram sua vida na missão”.
O arcebispo Metropolitano de Porto Alegre e presidente do Regional Sul 3 da CNBB, dom Jaime Spengler, apresentou alguns ninais de preocupação com a vida religiosa e a animação vocacional. Nos últimos sete anos dados apontam que cerca de 13 mil religiosos abandonaram as congregações e o Brasil está em primeiro lugar nas desistências.
Segundo dom Jaime, as causas são as mais diversas e estão relacionadas à vida fraterna, afetividade e crise pessoal. Há quatro tipologias de pessoas que deixam a vida religiosa. “Aquelas pessoas que depois de um sério processo de discernimento e responsabilidade e pedem para sair. Outras que nunca deveriam ter deixado a vida consagrada. Outras deixam pela absoluta falta de vocação e aquelas que permanecem não conseguem superar situações de crises”, explicou Spengler.
Celebração Ecumênica
A diaconisa Ruthild Brakemeier, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB –, proferiu uma palestra sobre “Maria e Martinho Lutero”, na quarta-feira (7), à tarde, no encontro dos bispos e provinciais, no Centro de Espiritualidade Cristo Rei (Cecrei), em São Leopoldo (RS).
Inicialmente falou de suas vivências pessoais com pessoas católicas. Seu contato com a Conferência dos Religiosos do Rio Grande do Sul e a participação em seminários nacionais relacionados à “mulher consagrada”. Contou que visitou o Vaticano, em 1996, e costuma assistir pela TV missas pelo canal “Deutsche Welle”, que segundo ela, são centradas em Jesus Cristo.
Ao falar sobre o esforço para unir as Igrejas Luterana e Católica é grande. Também contou sobre sua participação, na Alemanha, dos “Dias da Igreja”, dos 100º “Dia Católico” – Leipzig em 2016 e Dia da Igreja Evangélico, em maio 2017.
Em 16 de setembro de 2016, o presidente da Conferência dos Bispos na Alemanha, Cardeal Reinhard Marx, e o Bispo do Conselho da Igreja Evangélica Luterana, Dr. Heinrich Beford-Strohm, concordaram em dizer que pela primeira vez na história das Igrejas divididas, o ano de 2017 será comemorado “em comunhão ecumênica”.
A Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, assinada em 1999, pelo presidente da FLM e a Santa Sé, afirma: “Juntos, católicos e luteranos confessam: somente por graça, na fé na obra salvífica de Cristo, e não por causa de nosso mérito, somos aceitos/as por Deus e recebemos o Espírito Santo, que nos renova os corações e nos capacita e chama para boas obras.”
Para finalizar a palestra, houve uma Celebração Ecumênica que contou com a presença de pastores, diaconisas, irmãs luteranas e estudantes de teologia.
Assembleia da Ação Evangelizadora do Regional
Um dos temas abordados durante a Assembleia da Ação Evangelizadora do Regional, que ocorreu de 08 a 09 de junho, foi o da Iniciação à Vida Cristã. O bispo auxiliar de Porto Alegre, dom Leomar Antônio Brustolin, falou sobre os principais tópicos da “Iniciação à Vida Cristã: Itinerário para formar discípulos missionários”. Este documento foi aprovado durante a última Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e é, em síntese, de uma nova experiência de formação, do entendimento de que a iniciação não diz respeito somente à catequese, mas perpassa todas as pastorais, movimentos e serviços. “Passados dez anos da Conferência de Aparecida, este tema continua sempre atual”, destacou dom Leomar.
Ao refletir sobre o segundo capítulo, dom Leomar explica que existe uma forma ordinária para formação de cristãos, principalmente nestes tempos de mudança de época, quando se tem o compromisso de recuperar o caminho para anunciar Jesus. Nesse sentido, a casa da iniciação à vida cristã deve ser o eixo que transforma toda a pastoral.
Indo mais longe às reflexões, ainda menciona a existência de uma pastoral dos sacramentos da iniciação desfigura da vida comunitária, da pastoral de conjunto e do compromisso sócio-transformador. Assim, Dom Leomar acrescenta que a pastoral de manutenção se expressa, por exemplo, através de homilias superficiais e de uma catequese sacramental.
Em relação ao Projeto Diocesano de Iniciação à Vida Cristã, um dos pontos ressaltados é que haja acompanhamento dos catequizandos para integrá-los à comunidade.
O encontro com Jesus Cristo não pode ser dado como pressuposto. Se nós não tivermos uma evangelização, não estaremos preparados para lidar com as novas configurações da família; a principal catequista é a comunidade; superar os paradigmas de instrução. A Iniciação à Vida Cristã é um dos frutos mais ricos do Concílio Ecumênico Vaticano II.
Pastoral da Educação
A Comissão de Educação e Cultura do Regional Sul 3 da CNBB, nomeada para o período de 2016 a 2019, visa capilarizar a Pastoral da Educação no Estado do Rio Grande do Sul. Esta, consiste no “conjunto dos esforços orgânicos e sistemáticos que o Povo de Deus faz para refletir e pôr em prática a mensagem evangélica e suas exigências na educação. É a presença e a ação da Igreja, proclamando e construindo o Reino de Deus no e através do mundo da educação”. CNBB. Para uma pastoral da educação. São Paulo: Paulinas, 1986, p. 34 (Estudos da CNBB, 41). Projeto da Comissão de Educação e Cultura do Regional Sul 3 da CNBB – 2017-2019 [Faça o download aqui]
Campanha da Fraternidade 2018
A Campanha da Fraternidade (CF) de 2018 terá o tema: “Fraternidade e Superação da violência” e lema: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). Com o objetivo geral: “Construir a fraternidade promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência”.
Os participantes da assembleia refletiram sobre a necessidade de buscar o sentido da CF. Os bispos sublinharam a importância de trabalhar a CF com os organismos da sociedade, envolver as prefeituras e secretarias municipais. Envolvimento das Pastorais Sociais neste processo.
Encontro de Natal de 2017
Padre Clair Favreto, da OSIB (Organização dos Seminários e Institutos do Brasil) chamou a atenção para os índices de violência ao citar que uma das cidades mais violentas do Brasil é o município de Alvorada que ocupa a 14° posição.
Nos Encontros de Natal surgiu a ideia de trabalhar o tema da paz: “Natal: tempo de construir a paz”. Com a metodologia da Leitura Orante (um itinerário bíblico vivencial). Um livreto contendo quatro encontros para a promoção da Paz artesanal na família, nos grupos solidários e na comunidade. A celebração de abertura, celebração penitencial e encontro catequético.
Padre Clair frisou a necessidade de recuperar o simbolismo do Natal. Já dom Leomar Brustolin chamou a atenção para “encontrar caminhos para tornar o Natal mais visível. O gaúcho é pouco resistente ao simbologismo de Natal e precisa buscar interatividade”, lembrou.
Serviço de Evangelização da Juventude
Dom Adelar Baruffi, bispo de Cruz Alta e referencial da Evangelização da Juventude formação, estrutura e acompanhamento e missionariedade. Ouvir os jovens através de questionário sobre o Sínodo. [Clique aqui]
Segundo Ir. Zenilde Fontes, coordenadora do Serviço de Evangelização da Juventude, o desafio hoje é o de ouvir a juventude. “Construímos um instrumento de estudo que apontará a realidade”, reiterou Zenilde.
Lembrou Zenilde que haverá o Primeiro Seminário de práticas de evangelização da juventude. Será em agosto em Santa Maria (RS) e a Semana Missionária de 17 a 23 de julho próximo, em Porto Alegre (RS).
Na ocasião foi apresentado o novo coordenador do Setor de Evangelização da Juventude: Pe. Rudinei Zorzo, da Diocese de Caxias do Sul. Ir. Zenilde entrega a gestão no dia 31 de dezembro. Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente do Regional Sul 3, agradeceu com grande reconhecimento o trabalho prestado pela Ir. Zenilde nos últimos seis à frente do serviço com a juventude do RS.
Fundo Estadual da Solidariedade
Dom Rodolfo Weber apresentou a finalidade de fomentar mais as pastorais sociais junto às arquidioceses e diocese do RS. “O Fundo privilegia a formação, articulação e organização das atividades em nível regional”, esclareceu dom Rodolfo.
“A valorização das Coletas da Solidariedade e da Evangelização tem um significado litúrgico, religioso e espiritual”, salientou dom Zeno. Dom Jaime apontou possíveis causas para esta situação, como, por exemplo, “a falta de comunhão eclesial, de senso de pertença e corresponsabilidade”. .
“No contexto em que vivemos, não seria conveniente mostrar para a sociedade um pouco mais de visibilidade de nossas ações. Esse lado poderia despertar uma consciência mais forte no povo”, frisou dom Jaime.
Para a leiga Genacéia Alberton, a transparência na gestão da aplicação de recursos; o dízimo, por exemplo, fortaleceria o sentido de pertença. A transparência de prestação de recursos.
Ainda sobre os projetos sociais, dom Rodolfo sugeriu a necessidade de criação de orçamento para todas as pastorais do Regional.
Pastoral da Criança e da Pessoa Idosa
A coordenadora regional da Pastoral da Criança, Marli Ludwig contou que no RS se atende cerca de 34 mil crianças. Lembro a Campanha dos Reis Magos que foi realizada em 16 dioceses do Brasil envolvidas. No RS, foi realizada nos três vicariatos da Arquidiocese de Porto Alegre. “Foi uma experiência positiva”, destacou.
O grande desafio da Pastoral da Criança no RS é a escassez do voluntariado. “Dra. Zilda Arns dizia que o seu coração estava inquieto”, frisou Marli.
Apesar dos desafios há sinais de esperança e responsabilidade surgindo. Essa é a missão da Pastoral da Criança junto às comunidades mais pobres.
A Pastoral da Pessoa Idosa passa pela dificuldade de implantação nas paróquias e atendimento aos idosos mais fragilizados.
Pastoral do Migrante
O padre Márcio é o novo coordenador da Pastoral do Migrante do Regional Sul 3 da CNBB e lembrou o espaço de atendimento aos migrantes, o tema presente na migração, o espaço de orientação e referência. “Hoje Trabalho a ser realizado é o levantamento do número de migrantes presentes no estado. Nesse sentido, pede a colaboração das dioceses, através das pastorais sociais”, frisou.
Pastoral da Aids, da Sobriedade e da Saúde
Dom Ricardo Hoepers, bispo da diocese de Rio Grande, é também o referencial da Pastoral da Aids, da Sobriedade e da Saúde, e contou que ao visitar o trabalho do frei Lunardi constatou um crescimento significativo do vírus entre a juventude, índice alto entre os idosos e frisou a necessidade de maior divulgação da Vigília dos mortos pela Aids.
Rinaldo Alberton da diocese de Novo Hamburgo falou sobre o Programa de Vida Nova. São cinco ciclos, que engloba cada um 12 passos. No RS, a Pastoral da Sobriedade está engatinhando. Na Diocese de Novo Hamburgo, Rinaldo Alberton é o coordenador diocesano da Pastoral da Sobriedade. Lembrou que no RS apenas nove dioceses há algum trabalho de Pastoral da Sobriedade.
A Pastoral da Saúde trabalha a partir de três dimensões: “assistência solidária, comunitária e política. Há Pastoral da Saúde em todas as dioceses e algumas mais organizadas e outras não”, lembrou a coordenadora Ir. Elise..
Dom Ricardo chamou a atenção para importância de a Pastoral da Saúde ter representatividade nos conselhos municipais. Dom Jacinto Bergmann, da Arquidiocese de Pelotas, trouxe a experiência de um projeto: a instituição do Ministério dos visitadores de doentes.
CPT e Cáritas
A violência no campo com o assassinato de índios e sem-terra tem aumentado nos últimos tempos. A Cáritas do RS está a serviço do Regional. “Também somos uma entidade de assistência social. Treze que tem ação organizada de Cáritas”, disse Marines Besson.
Pastoral Familiar
Dom Zeno ainda lembrou que a Pastoral Familiar esta com nova reorganização, nova direção e atendendo as cinco urgências.
Ano do Laicato
A Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), esteve reunida na sede da entidade, em Brasília (DF), para preparar as atividades que serão realizadas durante o Ano do Laicato. A abertura será na festa de Cristo Rei, que este ano será celebrada dia 26 de novembro e segue até a mesma festa em 2018.
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Com informações do Regional Sul 3 da CNBB.