O Papa Francisco celebrou a missa da Ceia do Senhor, nesta Quinta-feira Santa (13/04), na Casa de Reclusão de Paliano, localidade ao sul de Roma.
A cerimônia, com o tradicional rito do lava-pés, não foi transmitida ao vivo – a pedido do próprio Pontífice e pela falta de condições técnicas do presídio. A visita de Francisco teve um caráter “estritamente privado”.
O Papa lavou os pés a 12 detentos (10 italianos, 1 argentino e 1 albanês). Entre eles, 3 eram mulheres e 1 muçulmano que receberá o sacramento do Batismo no mês de junho. Além disso, dois deles foram condenados à prisão perpétua, enquanto para os demais a conclusão da pena está prevista entre 2019 e 2073.
“Jesus estava na ceia, com eles. A última ceia e diz o Evangelho que Ele sabia ‘que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo ao Pai’. Sabia que tinha sido traído e que seria entregue por Judas naquela noite”.
“Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim’. Mas Deus ama assim! Até o fim e dá a vida por todos nós e se orgulha disso. Deus quer isto porque Ele tem amor: ama até o fim. Não é fácil, porque todos nós somos pecadores, todos temos limites, defeitos, muitas coisas. Sabemos amar, mas não somos como Deus que ama sem olhar as consequências, até o fim. É um exemplo. Para mostrar isso, Ele que era o chefe, que era Deus, lava os pés de seus discípulos”, disse o Papa em sua homilia.
Francisco explicou que o gesto de lavar os pés era um costume que se fazia na época antes do almoço e do jantar, porque não tinha asfalto e as pessoas caminhavam na terra e ficavam com os pés cheios de poeira.
“Um dos gestos para receber uma pessoa em casa, além de oferecer alimento, era também o de lavar os pés da pessoa. Isso era feito pelos escravos. Mas Jesus inverte isso e realiza Ele mesmo esse gesto. Simão Pedro não queria que Jesus lavasse os seus pés, mas Jesus lhe respondeu que Ele tinha vindo ao mundo para servir, para nos servir, para se fazer servo por nós, para dar a vida por nós, para nos amar até o fim.”
Francisco disse que quando chegou a Paliano, várias pessoas o saudaram. “Chegou o Papa, o chefe. O chefe da Igreja…”. O chefe da Igreja é Jesus. O Papa é a figura de Jesus e eu gostaria de fazer o mesmo que Ele fez. Nesta cerimônia, o pároco lava os pés dos fiéis: se inverte. O que parece o maior deve fazer o trabalho do escravo. Para semear amor, para semear amor entre nós, lhes digo:
“Se vocês puderem ajudem, façam um serviço ao companheiro aqui, no cárcere, à tua companheira. Façam, porque isso é amor, isso é como lavar os pés. É ser servo dos outros. Uma vez os discípulos brigavam entre eles sobre quem fosse o maior, o mais importante. E Jesus lhes disse: ‘Quem quiser ser importante, deve se fazer pequeno e servo dos todos. Foi o que Ele fez. É o que Deus faz com a gente. Quem serve é o servo. Somos pobrezinhos. Ele é grande. Ele é bom. Ele nos ama como somos. Durante esta cerimônia pensemos em Deus, em Jesus. Não é uma cerimônia de folclore: é um gesto para recordar o que Jesus nos deu. Depois disso, pegou o pão e nos deu o Seu corpo. Pegou o vinho e nos deu o Seu sangue. Assim é o amor. Pensemos, hoje, somente no amor de Deus.”
A Casa de Reclusão de Paliano é dedicada aos colaboradores da Justiça – a único do gênero na Itália. Há duas sessões – masculina e feminina – e outra sessão para os doentes de tuberculose. Tem uma capacidade para 140 reclusos.
Trata-se da terceira vez que Francisco celebra este rito numa prisão. Em 2015, a missa foi realizada no Presídio de Rebibbia, em Roma. Em 2013, o local foi o Cárcere para Menores “Casal del Marmo”, também em Roma.
No ano passado, o Papa lavou os pés dos refugiados no centro de acolhimento de Castelnuovo, município ao norte de Roma. Em 2014, a cerimônia foi no Centro Santa Maria da Providência, na periferia romana, que acolhe pessoas com deficiências.
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Com informações da Rádio Vaticano.