O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (10/04), na Sala dos Papas, no Vaticano, trinta membros da Comissão Nacional de Biossegurança, Biotecnologia e Ciências da Vida.
O Pontífice agradeceu a comissão italiana pelo trabalho desempenhado na Presidência do Conselho de Ministros nos vinte e cinco anos de sua criação. “Os temas e questões que essa comissão aborda são importantes para o homem atual, seja como indivíduo seja na dimensão relacional e social, começando da família até as comunidades local, nacional e internacional, e o cuidado da criação”, disse Francisco.
“Javé Deus tomou o homem e o colocou no jardim de Éden, para que o cultivasse e guardasse”, diz o Livro do Gênesis (2, 15). O Papa citou o livro bíblico para ressaltar que a cultura à qual os membros da comissão “são representantes críveis no campo das ciências e tecnologias da vida, traz consigo a ideia de cultivação”.
“Ela expressa bem a tensão para fazer crescer, florir e frutificar, através do engenho humano, o que Deus colocou no mundo. Não podemos nos esquecer que o texto bíblico nos convida também a custodiar o jardim do mundo”, destacou.
“Conforme escrevi na Encíclica ‘Laudato si’, enquanto cultivar significa arar ou trabalhar um terreno, custodiar significa proteger, cuidar, preservar, conservar e vigiar. Isso requer uma relação de reciprocidade responsável entre ser humano e natureza. A tarefa dessa comissão não é somente a de promover o desenvolvimento harmonioso e integral da pesquisa científica e tecnológica relativa aos processos biológicos da vida vegetal, animal e humana; ela tem também a tarefa de prever e prevenir as consequências negativas que o uso distorcido dos conhecimentos e capacidades de manipulação da vida pode provocar.”
“O princípio de responsabilidade é um pilar imprescindível da ação humana que deve responder os próprios atos e omissões perante a si, aos outros e a Deus. Corre-se o risco de que os cidadãos, seus representantes e governantes não sintam plenamente a seriedade dos desafios que se apresentam, a complexidade dos problemas a serem resolvidos, e o perigo de usar mal a potência que as ciências e as tecnologias da vida colocam em nossas mãos.”
“Quando a interação entre poder tecnológico e poder econômico se torna mais estreita, os interesses podem condicionar os estilos de vida e as tendências sociais na direção do lucro de certos grupos industriais e comerciais, em detrimento das populações e nações mais pobres. Não é fácil alcançar uma composição harmoniosa das diferentes instâncias científicas, produtivas, éticas, sociais, econômicas e políticas, promovendo o desenvolvimento sustentável que respeite a ‘casa comum’. Esta composição harmoniosa requer humildade, coragem e abertura ao confronto entre as diferentes posições, na certeza de que o testemunho dado pelos homens de ciência em prol da verdade e do bem comum, contribui para o amadurecimento da consciência social.”
O Papa finalizou o seu discurso, recordando que “as ciências e as tecnologias são feitas para o homem e não o homem e o mundo para as ciências e as tecnologias. Elas estão a serviço de uma vida digna e saudável para todos, no presente e no futuro, e tornam a nossa casa comum mais habitável e solidária, mais cuidada e protegida”.
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Com informações da Rádio Vaticano.