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Jesuítas divulgam nota histórica sobre filme ‘Silence’ de Martin Scorsese

O longa-metragem Silence (Silêncio), obra do diretor americano Martin Scorsese com estreia prevista para o dia 26 de janeiro no Brasil, conta o drama da perseguição religiosa aos cristãos no Japão do século XVIII e, especialmente, aos jesuítas portugueses.

A respeito do personagem central do filme, o Padre Cristóvão Ferreira, a Província Portuguesa Jesuíta divulgou uma nota histórica com base no texto ‘O caso de Cristóvão Ferreira’ do jesuíta e especialista na história das Missões no Japão, Hubert Cieslik, escrito em 1974.

No texto, a província portuguesa indica aspectos históricos que pretendem ajudar as pessoas a “compreender melhor a narrativa do longa-metragem”.

“Se pudéssemos voltar à Europa do século XVII, as perguntas que surgem com Silêncio, o novo filme de Martin Scorsese, não cairiam fora de contexto. Quem foi Cristóvão Ferreira? O que fez? O que disse? Hoje, como antes, são poucas as coisas que podemos afirmar com absoluta certeza sobre este jesuíta português, à volta do qual se construiu o livro ‘Silêncio’, de Shusaku Endo, e que dá agora origem ao filme do realizador americano. Ainda assim, conhecemos alguns aspectos que certamente ajudarão a compreender melhor a narrativa do filme”, destaca padre Hubert Cieslik.

Quem foi o Padre Ferreira?

Cristóvão Ferreira, conhecido no Japão por Sawano Chūan, entrou na Companhia de Jesus aos 17 anos e, logo em 1600, foi enviado para trabalhar nas missões do Oriente. Estudou Teologia em Macau e foi ordenado padre em 1608. Partiu para o Japão no dia 16 de Maio de 1609. O religioso atuou em diversas cidades japonesas até que em Nagasaki, em 1633, quando estava ocupando a função de Provincial no país, foi preso e viveu a tortura da fossa, método exclusivamente destinado aos cristãos para que negassem a sua fé.

Apesar de toda a sua “atividade apostólica reconhecida e esforçada, cedeu ao fim de algumas horas”, indica a nota histórica. Padre Ferreira tinha então 53 anos de idade e 37 de vida religiosa.

“A notícia da sua apostasia chocou uma Europa que olhava para o martírio como a mais gloriosa morte. Não parecia ser possível que Cristóvão Ferreira renegasse a sua fé em Jesus Cristo e vários missionários partiram para o Japão para o encontrar e convencer a regressar à fé e a entregar a sua vida. Alguns foram torturados e cederam à apostasia; alguns, porém, acabaram por dar ali a sua vida”, completa a nota.

Padre Hubert Cieslik acrescenta ainda o que ocorreu com o religiosos depois de renegar a fé.

Segundo o autor da pesquisa, o religioso “foi forçado a viver com a viúva de um prisioneiro executado, passando o resto da sua vida no Japão e servindo de intérprete para as autoridades japonesas”, mas dada a falta de exatidão nas circunstâncias da morte de Cristóvão Ferreira, outras fontes indicam que o religioso ao chegar a uma idade mais avançada, se arrependeu de ter renegado a fé e as autoridades japonesas sabendo desse fato, o prenderam novamente e o condenaram à fossa. Morreu entre os dias 04 e 05 de novembro de 1650.

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Fonte: Província Jesuítas no Brasil.