O Papa Francisco presidiu a missa de Domingo de Ramos, na Praça São Pedro, que contou com a participação de vários fiéis e peregrinos, cerca de quarenta mil pessoas.
“Esta celebração tem, por assim dizer, duplo sabor: doce e amargo. É jubilosa e dolorosa, pois nela celebramos o Senhor que entra em Jerusalém, aclamado pelos seus discípulos como rei; ao mesmo tempo, porém, proclama-se solenemente a narração evangélica de sua Paixão. Por isso, o nosso coração experimenta o contraste pungente e prova, embora numa medida mínima, aquilo que deve ter sentido Jesus em seu coração naquele dia, quando rejubilou com os seus amigos e chorou sobre Jerusalém”, disse o Pontífice.
“Há trinta e dois anos a dimensão jubilosa deste domingo tem sido enriquecida com a festa dos jovens: a Jornada Mundial da Juventude, que, este ano, se celebra no âmbito diocesano, mas daqui a pouco viverá, nesta Praça, um momento sempre emocionante, de horizontes abertos, com a passagem da Cruz dos jovens de Cracóvia para os do Panamá.”
“O Evangelho, proclamado antes da procissão, apresenta Jesus que desce do Monte das Oliveiras montado num jumentinho, sobre o qual ainda ninguém se sentara; evidencia o entusiasmo dos discípulos, que acompanham o Mestre com aclamações festivas; e pode-se, provavelmente, imaginar que isso contagiou os adolescentes e os jovens da cidade, que se juntaram ao cortejo com os seus gritos. O próprio Jesus reconhece neste jubiloso acolhimento uma força irreprimível querida por Deus, respondendo assim aos fariseus escandalizados: «Eu vos digo, se eles se calarem, as pedras gritarão».”
“Mas este Jesus, cuja entrada na Cidade Santa estava prevista precisamente assim nas Escrituras, não é um iludido que apregoa ilusões, um profeta «new age», um vendedor de fumaça. Longe disso! É um Messias bem definido, com a fisionomia concreta do servo, o servo de Deus e do homem que caminha para a paixão; é o grande Padecente da dor humana”, frisou o Papa.
“Assim, enquanto festejamos o nosso Rei, pensemos nos sofrimentos que Ele deverá padecer nesta Semana. Pensemos nas calúnias, nos ultrajes, nas ciladas, nas traições, no abandono, no julgamento iníquo, nas pancadas, na flagelação, na coroa de espinhos… e, por fim, no caminho da cruz até à crucificação.”
“Ele tinha dito claramente aos seus discípulos: «Se alguém quer vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga». Nunca prometeu honras nem sucessos. Os Evangelhos são claros. Sempre avisou os seus amigos de que a sua estrada era aquela: a vitória final passaria através da paixão e da cruz. E, para nós, vale o mesmo. Para seguir fielmente a Jesus, peçamos a graça de o fazer não por palavras mas com as obras, e ter a paciência de suportar a nossa cruz: não a recusar nem jogar fora, mas, com os olhos fixos n’Ele, aceitá-la e carregá-la a cada dia.”
“Este Jesus, que aceita ser aclamado, mesmo sabendo que O espera o «crucifica-o!», não nos pede para O contemplarmos apenas nos quadros, nas fotografias, ou nos vídeos que circulam na rede. Não. Está presente em muitos dos nossos irmãos e irmãs que hoje, sim hoje, padecem tribulações como Ele: sofrem com o trabalho de escravos, sofrem com os dramas familiares, as doenças… Sofrem por causa das guerras e do terrorismo, por causa dos interesses que se movem por trás das armas que não cessam de matar. Homens e mulheres enganados, violados na sua dignidade, descartados…. Jesus está neles, em cada um deles, e com aquele rosto desfigurado, com aquela voz rouca, pede para ser enxergado, reconhecido, amado.”
“Não há outro Jesus: é o mesmo que entrou em Jerusalém por entre o acenar de ramos de palmeira e oliveira. É o mesmo que foi pregado na cruz e morreu entre dois ladrões. Não temos outro Senhor para além d’Ele: Jesus, humilde Rei de justiça, misericórdia e paz.”
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Com informações da Rádio Vaticano.
Foto Lusa